Camelôs invadem ruas do Pari e travam o trânsito no centro de SP

Vias do bairro se transformam em uma grande confusão com ambulantes, carros e consumidores

São Paulo

Com a proximidade do Natal, ambulantes que ocupam as ruas do Pari (região central), para vendas durante a madrugada, têm excedido o horário de costume até as 6h e mantido seus produtos expostos nas ruas e calçadas durante todo o dia, provocando uma grande confusão no trânsito.

Nesta terça-feira (10), às 11h, as ruas do Pari eram disputadas por ambulantes, carros, vans, caminhões e por pessoas a pé atrás de presentes de Natal.

A nutricionista Milena Gomes, 21 anos, por exemplo, chegou no Pari por volta das 6h. Moradora de São Bernardo do Campo (ABC), ela afirma que mesmo com o trânsito, prefere ir de carro ao Pari para não ter de pegar cinco conduções com sacolas nas mãos.

"Todo fim de ano isso aqui é sempre cheio, mas desta vez parece que está pior, pois nunca vi as ruas tão bagunçadas", afirma.

Para dar conta de tantas horas com produtos expostos nas ruas do Pari, ambulantes ouvidos pela reportagem disseram fazer turnos --uma parte trabalha da meia-noite às 8h e a outra até o fim do dia.

Carros, ambulantes e pedestres disputam espaço nas ruas do Pari, na região central da capital; comerciantes reclamam que as lojas ficam escondidas - Rivaldo Gomes/Folhapress

A presença de ambulantes no horário comercial tem provocado reclamações de lojistas do Pari. O comerciante Valdecyr Silva, 49, afirma que pelo fato de as mercadorias dos camelôs ficarem nas calçadas e nas extremidades das vias, os consumidores acabam tendo que andar pelo meio da rua e, assim, não entram nas lojas do bairro.

"Se a passagem de carros fosse proibida, ou pelo menos o estacionamento não fosse permitido [dando lugar aos ambulantes], iria abrir um bom espaço e as pessoas poderiam andar nas calçadas, sem prejudicar ninguém", afirma.

A lojista Socorro Leves, 28, também reclama. Para ela, sem carros, o fluxo estaria mais livre para a passagem dos clientes nas calçadas, pois os ambulantes teriam a rua livre.

"Da forma como está hoje é uma bagunça, se alguém passar mal uma ambulância não consegue chegar para atender", diz.

mapa da matéria sobre comércio popular no pari e no brás do dia 11 de dezembro
Mapa da região do comércio popular - Arte Agora

Tempo do ônibus passa de 20 minutos a mais de 1 hora

A presença dos ambulantes tem reflexos no trânsito de várias ruas no Pari.

Um motorista de ônibus disse que desde novembro o tempo de uma viagem na região aumentou entre 40 minutos e uma hora. 

"Antes eu levava de 20 a 25 minutos para passar por este trecho, mas nesta época do ano levo mais de uma hora e 15 minutos. Independente do dia ou do horário, o trânsito fica desse jeito até o Natal", afirma o motorista, que há 15 anos trabalha na mesma linha. 

Segundo ele, há dois anos o itinerário do ônibus foi mudado para fugir do trânsito do Pari, mas essa alteração não foi suficiente. 

O motorista de aplicativo Artur Enéias, 28 anos, afirma que "caiu de paraquedas na bagunça e não sabia como sair". Ele estava indo buscar um passageiro, quando o GPS o direcionou para a avenida Vautier. Às 11h desta terça (10), ele disse que estava a 25 minutos no mesmo quarteirão. 

"Não tem nenhuma fiscalização aqui, nunca vi um trânsito assim, está horrível", afirma.

Na 25 de Março, trecho  fica bloqueado até o Natal

O trecho entre a a rua Carlos de Souza Nazaré e ladeira Porto Geral, na rua 25 de Março (também na região central), bem como suas travessas rua Afonso Kherlakian, rua Lucrécia Leme e ladeira da Constituição, foi interditado para veículos desde o dia 30 de novembro até o dia 24 de dezembro.

Segundo a prefeitura, gestão Bruno Covas (PSDB), a decisão foi tomada por conta das compras de Natal na famosa região de comércio popular.

As interdições estão sendo realizadas de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h e aos sábados, das 8h às 16h. 

Operações de carga e descarga estão sendo realizadas fora do horário de bloqueio, isto é, no turno da noite e madrugada.

Resposta

A Subprefeitura Mooca afirma que atua diariamente na região do Brás no combate ao comércio irregular e que a operação está em expansão. "De janeiro a novembro deste ano, foram apreendidas cerca de 12 mil toneladas de mercadorias irregulares", diz a nota da gestão Bruno Covas (PSDB).

Por causa da proximidade das festas de fim de ano, diz, a CET (Companhia de Engenharia de Trânsito) implantou a Operação Natal em regiões com grande movimento comercial, como Brás, Pari, José Paulino, 25 de Março e entorno de grandes shoppings.

"O objetivo é garantir as condições de segurança de pedestres, bem como diminuir o impacto no trânsito nesses locais", afirma.

O que anda mais rápido que o trânsito na região do Pari

4 km/h

  • era a velocidade de um carro nas ruas Hannemann, Tiers, Alexandrino Pedroso e na avenida Vautier por volta de 12h40 desta terça-feira (10)

6,5 km/h

  • Velocidade média de uma pessoa caminhando

14,5 km/h

  • Velocidade média de uma galinha

15 km/h

  • Velocidade média de um ciclista na cidade de São Paulo

21,7 km/h

  • Velocidade média de um carro na cidade de São Paulo

 
Fontes: Waze, Vá de Bike, Revistas USP e CET

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