Após as recomendações do governo estadual e da Prefeitura de São Paulo, gestão Bruno Covas (PSDB) para que as aglomerações sejam evitadas, os restaurantes e lanchonetes da capital já registram fortes quedas no faturamento.
Para evitar prejuízo ainda maior, alguns estabelecimentos optaram por fechar suas cozinhas, servindo apenas lanches e petiscos. Outros decidiram suspender completamente as atividades por tempo indeterminado.
Na tradicionalmente movimentada região do largo da Batata, em Pinheiros (zona oeste), um restaurante que serve refeições no estilo bandejão decidiu fechar as portas temporariamente a partir desta terça-feira (17).
“Não tem como ficar aberto. Para se ter uma ideia, em uma segunda-feira boa, nós faturávamos cerca de R$ 11 mil. Ontem [dia 16], foram menos de R$ 2 mil”, diz o subgerente da casa, Rodolfo Carvalho, 26. Em um primeiro momento, os funcionários não serão demitidos. Porém, não se sabe o futuro dos colaboradores caso a situação permaneça assim por muito tempo.
Perto dali, um outro comércio de alimentação optou por manter o espaço aberto, mas com a cozinha fechada. “Em dias bons, eu servia entre 80 e 100 almoços. Na semana passada, caiu para menos de 20. Se eu mantiver a cozinha aberta, o prejuízo é muito grande”, diz João Guimarães, 63, proprietário do estabelecimento.
Ele já teve de dispensar dois de seus seis funcionários e está tentando negociar com o dono do imóvel um desconto ou abatimento do valor do aluguel.
A comerciante Tereza de Jesus Souza, 55, resolveu tirar não apenas os almoços do cardápio, mas também o café da manhã. “Nosso movimento caiu 60% em uma semana. Ontem, foram pouco mais de dez clientes em 12 horas”, lamenta.
Entre os frequentadores da noite, que vão à região para curtir happy hours, a queda foi um pouco menor. “Considerando o público que vem para cá a partir das 17h, o número de pessoas caiu de 20% a 30%”, diz Priscila Campelo, 30, caixa de um bar. “Às sextas, isso aqui parece Carnaval à noite. Vamos ver como vai ser nesta semana”, acrescenta.
Aplicativos de entrega
Entregadores de comida por aplicativos também sentiram a queda nas entregas por causa da pandemia do coronavírus, mesmo com alto número de pessoas trabalhando de casa.
Na praça dos Omaguás, em Pinheiros, o motoboy Felipe Ferreira, 25, estava deitado em um banco na tarde de terça-feira (17) enquanto aguardava chamados. "Das 10h às 14h, eu tinha uma média de até 12 pedidos. Hoje, se chegar a cinco, estou com sorte", disse, por volta de 13h10, quando tinha feito três entregas.
"Eu costumo trabalhar entre 10h e 18h. Estava acostumado a tirar de R$ 130 a R$ 140. Com toda essa confusão, devo conseguir uns R$ 70 hoje", comenta Daniel Santos, 30. Na visão dele, os clientes têm medo de ingerir alimentos manipulados por terceiros por temerem contaminações pelo vírus.
Para Vinícius do Nascimento, 20, a situação era ainda pior. Na rua desde 9h, ele não havia feito nenhuma entrega até as 13h de terça. "Já cheguei a atender nove pedidos nesse período", lembra.
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