Cerca de 50 pessoas se aglomeravam por volta das 17h desta quinta-feira (23), em frente ao hospital Tide Setubal, em São Miguel Paulista, na zona leste da capital paulista, para obter informações sobre o estado de saúde de parentes internados na unidade de saúde, alguns com suspeita de Covid-19.
Isso ocorre em frente ao hospital há pelo menos duas semanas. Enquanto funcionários informam o estado de saúde dos doentes, dezenas de familiares permanecem na rua doutor José Guilherme Eiras, muito próximos uns dos outros.
As aglomerações em frente ao hospital público descumprem o que é recomendado pelas autoridades de saúde para evitar contaminação pelo novo coronavírus.
Majoritariamente usando máscaras, os familiares dos doentes costumam chegar por volta das 16h em frente à unidade de saúde. Eles criticam a forma usada para atualizar o quadro clínico dos pacientes, divulgado somente uma vez por dia e presencialmente.
A microempresária Keli Cristina Braga, 42 anos, vai há sete dias ao local se atualizar sobre o quadro clínico de seu pai, um aposentado de 68 anos.
Ela diz que, após o nome do familiar “ser gritado” por um funcionário, ela entra no hospital e um médico a informa, dentro de uma sala, sobre o estado de saúde do parente.
“Não posso ver meu pai pessoalmente e essa é a única forma de me atualizar sobre ele, que está com pneumonia. Isso poderia ser mais organizado.”
A professora Solange do Carmo Alves Garcia, 52, também crítica o modelo usado pelo Tide Setubal para atualizar o estado de saúde dos pacientes. O pai dela, de 86 anos, está internado no local com suspeita de Covid-19 desde sábado (18).
“O hospital poderia dividir em mais de um horário os boletins [informativos]. Isso iria ajudar a evitar essa aglomeração toda”, sugeriu.
Funcionária confirma rotina de aglomerações
Uma funcionária do hospital confirmou que as aglomerações no local são frequentes, pelo fato do estado de saúde dos pacientes ser informado somente de forma presencial.
"Além disso, tem outra situação problemática, que é o fato de que, muitas vezes, esses boletins não são passados por médicos. É comum ter técnicos de enfermagem fazendo esse serviço, ou médicos recém-chegados à unidade, que sequer viram o paciente”, disse.
Resposta
A secretaria municipal da Saúde, gestão Bruno Covas (PSDB), nega que haja aglomerações no momento de divulgação dos boletins médicos no hospital Tide Setúbal.
Segundo a pasta, são chamadas cinco pessoas de cada vez para que recebam as informações sobre seus parentes. Porém, antes disso, as pessoas se aglomeram em frente ao hospital para ouvir o nome do parente anunciado por um funcionário, segundo apurado pelo Agora.
Ainda de acordo com a secretaria, os familiares são acolhidos por enfermeiros e psicólogos, em um espaço onde podem se sentar e aguardar a chamada individual para receber o boletim das últimas 24 horas.
A secretaria não se manifestou sobre a denúncia de que há casos em que os boletins não são dados por médicos.
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