No início do mês, a organização do Festival de Cannes, um dos mais tradicionais do mundo, anunciou o cancelamento de sua 73ª edição, prevista para 12 de maio, em razão da pandemia do coronavírus.

Os filmes programados para este ano serão apresentados em parceria com outras mostras internacionais no segundo semestre.

Para celebrar Cannes, a coluna desta semana sugere sete filmes que receberam a Palma de Ouro, que desde 1955 é o principal prêmio do festival francês. Infelizmente, “O Pagador de Promessas”, dirigido por Anselmo Duarte, única produção brasileira premiada nos mais de 70 anos de festival, não está disponível nos serviços de streaming.

A situação se repete com “O Piano”, único longa dirigido por uma mulher, Jane Campion, a receber a Palma de Ouro até hoje. Os preços foram pesquisados no dia 28 de maio.

MARTY (1955) 
Este singelo filme dirigido por Delbert Mann ganhou a primeira Palma de Ouro do Festival de Cannes, concedida em 1955. No longa, Ernest Borgnine é o açougueiro Marty, um sujeito boa-praça que vive no Bronx com a mãe. Ele já passou dos 30 anos e até das freguesas escuta que está na hora de se casar. Mas Marty desistiu de achar sua cara-metade.

"Sou gordo e feio”, diz à mãe, quando ela sugere que ele vá a um baile em um sábado à noite. Marty acaba seguindo o conselho da mãe e lá conhece a professora Clara (Betsy Blair), ao vê-la ser rejeitada por um acompanhante. A jovem não é considerada atraente pelos rapazes do baile.

Em uma noite de conversa e dança, os dois se apaixonam. Mas prejulgamentos de amigos, que não consideram Clara bonita, e da família de Marty podem colocar o relacionamento em risco.

Uma das forças do longa é o carisma de Borgnine, que encarna o homem comum, com sonhos mortais (encontrar um amor, ter seu negócio etc). Não há como não torcer pelo casal Marty e Clara.

Afinal, eles são gente como a gente. Além do prêmio máximo em Cannes, o filme faturou quatro Oscar em 1955: melhor longa, melhor ator, melhor roteiro e melhor diretor.

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KAGEMUSHA (1980) 
Akira Kurosawa, o principal nome do cinema japonês, ‘pintou’ essa obra-prima vencedora da Palma de Ouro em 1980. No Japão do século 16, Kagemusha é um ladrão escolhido pelo rei Shingen para ser seu sósia. O objetivo é confundir os inimigos. O rei deixa instruções para a sua morte: Kagemusha deve representá-lo por três anos. Inicialmente, o ladrão recusa tal papel. Depois aceita e aprende a se portar como um rei. Tudo isso permeado por sequências de batalhas, filmadas com céus que parecem pinturas.

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TAXI DRIVER (1976) 
Martin Scorsese faz um estudo da violência neste clássico, Palma de Ouro em 1976. Robert De Niro é Travis, um jovem que trabalha como taxista na noite de uma Nova York violenta, e se envolve com a assessora de um político e com uma prostituta adolescente. Em uma espiral de obsessão e loucura, Travis comete um banho de sangue. E, ao final, é tratado como herói. Um filme atualíssimo em um mundo em que muitos defendem as armas como forma de proteção.

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A DOCE VIDA (1960) 
Federico Fellini marcou o cinema nesta obra-prima, vencedora da Palma de Ouro em 1960, com uma das cenas mais icônicas da sétima arte: o banho de Anita Ekberg na Fontana di Trevi, em Roma. O longa acompanha alguns dias na vida do jornalista de celebridades interpretado por Marcello Mastroianni. Ele percorre a vida noturna romana atrás de estrelas do cinema e socialites. O filme ainda incorporou uma palavra ao nosso dicionário: Paparazzo, o fotógrafo que caça as celebridades, batizou todos os profissionais que atuam na área.

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A MISSÃO (1986) 
Robert De Niro e Jeremy Irons estrelam o longa que recebeu a Palma de Ouro em 1986. Eles são, respectivamente, um comerciante de escravos em busca de redenção e um padre jesuíta espanhol na América do Sul das missões. Em meio a um tratado que transfere o território da Espanha para Portugal, o que significaria a escravização das tribos locais, os dois tentam proteger os índios da missão. O filme, que ainda tem trilha sonora do premiado Enio Morricone, está na lista do Vaticano dos melhores longas religiosos da história.

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ORFEU NEGRO (1959) 
Como “O Pagador de Promessas” não está nos streamings, sugiro “Orfeu Negro”, vencedor da Palma de Ouro de 1959. Embora uma produção francesa, o filme se passa no Brasil. O longa é uma adaptação da versão que Vinicius de Moraes fez do mito de Orfeu e Eurídice para o teatro brasileiro, com o Carnaval carioca como cenário. No longa, Orfeu é um músico que se apaixona por Eurídice, recém-chegada ao Rio. Como no mito, a morte persegue o casal e Orfeu vai até o mundo dos mortos para buscar sua amada.

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CORAÇÃO SELVAGEM (1990) 
O mundo estranho de David Lynch povoa este road movie vencedor da Palma de Ouro de 1990 e estrelado por Nicolas Cage e Laura Dern. Eles são o casal apaixonado Sailor e Lula, que percorre as estradas do sul dos Estados Unidos. Eles fogem de matadores contratados pela mãe de Lula, interpretada por Diane Ladd, mãe de Laura. Nesta aventura, Sailor, um fã de Elvis Presley, dedica várias músicas a sua amada. Ela, por sua vez, adora o filme “O Mágico de Oz”.

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