A cidade de São Paulo elegeu neste ano quatro mulheres negras para a Câmara Municipal. A capital estava desde 2008 sem uma vereadora negra. A última eleita foi Claudete Alves, do PT, que exerceu mandato entre 2003 e 2008. Antes dela, somente Teodosina Rosário Ribeiro havia ocupado esse posto, na década de 1960.
As quatro negras que assumirão o mandato no ano que vem são: Erika Hilton (PSOL), Luana Alves (PSOL), Elaine do Quilombo Periférico (PSOL) e Sonaira Fernandes (Republicanos). Juntas, elas receberam mais de 128 mil votos.
"Esse país se ergueu sobre a exploração de pessoas negras e indígenas, em especial de mulheres. Obviamente que espaços de poder e de decisão sempre foram ocupados pelos que querem manter a estrutura como está", comenta Luana Alves.
Na opinião da vereadora eleita, os mandatos das mulheres negras não apenas trarão representatividade a elas, mas também de garantir mudanças que promovam a inclusão. "Acho que a estrutura está posta em cheque, e que aos poucos a gente vai modificando as coisas."
Para Erika Hilton, que é transexual, o resultado das urnas é reflexo das lutas do movimento negro e foi impulsionado pelas manifestações nacionais e internacionais do Vidas Negras Importam. "Nós não aceitamos mais ser invisibilizadas e não representadas. Essa vitória, ainda que pequena, é um grande avanço."
Na eleição de 2020, foram registradas 250 candidaturas de mulheres negras, quase o dobro de 2016 (132). A situação foi relatada em matéria publicada pelo Agora no dia 7 de novembro.
Das postulantes entrevistadas na reportagem, Jussara Basso dos Santos, do coletivo Juntas Mulheres Sem Teto (PSOL), foi a que recebeu maior número de votos: 21.172. Em seguida estão Tamires Sampaio (PT), com 11.451; Professora Adriana Vasconcellos (PCdoB), com 7.961; Isabel Marcelino (DEM), com 2.303; Professora Jacqueline (Rede), com 1.366; Ana Lazarim (DEM), com 451; e Solange Pedro (PSL), com 95.
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