Paralisadas há cerca de um ano e meio, as obras para construção da Escola Estadual Cidade Júlia 2, na zona sul da capital, se transformaram em depósito de lixo e esconderijo para usuários de drogas. A unidade de ensino começou a ser construída em 2014 e a previsão era de que ficasse pronta em 2016. O custo inicial era de R$ 3,9 milhões.
A primeira interrupção na obra ocorreu em 2016, após desistência da empresa responsável. O serviço foi retomado no fim de 2018, mas, segundo moradores da região, houve nova paralisação poucos meses depois.
"Faltava pouco para terminar, mas aí [a empresa] parou, alegando falta de verbas", diz o gráfico Ivanildo Lemes, 50 anos. Ele afirma que, desde então, nenhum funcionário passou pelo canteiro de obras, seja para fazer a limpeza ou a vigilância do local.
Dentro do prédio abandonado, há muito lixo e entulho acumulado, o que, de acordo com a vizinhança, atrai a presença de ratos e insetos. Há também poças de água parada, o que facilita a reprodução do mosquito Aedes aegypti, transmissor de doenças como dengue, chikungunya e zika.
Sem segurança, criminosos já invadiram o prédio da futura escola diversas vezes para cometer furtos. "Já levaram torneiras e válvulas dos banheiros, além de janelas e outros itens que estavam nas futuras salas de aula", acrescenta Lemes. Até telhas foram levadas pelos criminosos.
Ele relata que os próprios moradores tiveram de improvisar um portão para diminuir o número de invasores no local. A presença de usuários de drogas na construção provoca sensação de insegurança nos moradores do entorno, que têm medo de assaltos e outras invasões.
Sem prazo
A Secretaria de Estado da Educação, gestão João Doria (PSDB), informou que duas empresas já haviam sido contratadas para construir a escola, mas que abandonaram o serviço sem finalizá-lo. A última delas rescindiu o contrato em março do ano passado. A pasta diz que "está em andamento orçamento para dar início a uma nova contratação", mas não deu prazo para retomada das obras e nem para finalização.
Segundo a secretaria, uma equipe foi enviada ao local nesta semana para "analisar as necessidades" no local, mas não detalhou o que será feito.
A pasta informa ainda que já gastou R$ 7,9 mil com a obra - mais do que o dobro do valor previsto inicialmente - e que 70% da construção já foi concluída. Quando pronta, a escola poderá atender cerca de 1.700 alunos.
Sobre as denúncias de moradores a respeito de invasões e da presença de usuários de drogas, a SSP (Secretaria da Segurança Pública) diz que a Polícia Militar realiza patrulhamento ostensivo e preventivo no local, podendo alterar a estratégia de policiamento "com base na análise dos índices de ocorrências criminais".
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