Descrição de chapéu Coronavírus Grande SP

Ribeirão Pires poderá ter de fechar hospital de campanha

Município da Grande SP diz que não tem mais dinheiro para manter o equipamento funcionando

Fábio Munhoz Gabriela Bonin
São Paulo

Sem recursos para funcionar, o hospital de campanha de Ribeirão Pires, no ABC Paulista, pode ter de parar de receber pacientes a partir deste domingo (28). A prefeitura do município, gestão Clóvis Volpi (PL), alega não ter mais dinheiro para manter o equipamento, que foi aberto em abril do ano passado. Com 35 pacientes internados, a estrutura tem 100% de ocupação de leitos de enfermaria e semi intensivos.

O secretário de Saúde de Ribeirão Pires, Audrei Rocha, informa que a cidade tem recurso para manter o equipamento funcionando somente até o dia 10 de março. "Como o tratamento das pessoas que estão lá demora, em média, de 8 a 15 dias, 28 de fevereiro foi a data que colocamos para não colocar mais pessoas dentro do hospital", diz.

Hospital de campanha em Ribeirão Pires (ABC Paulista) foi aberto em abril de 2020 - Rubens Cavallari -28.jan.2021/Folhapress

"Tenho que parar de receber para dar tempo dos que estão [internados] terem alta. Porque senão eu chego em 10 de março com o hospital lotado e faço o que com esses pacientes?", acrescenta Rocha.

Ele explica que, no ano passado, o município recebeu cerca de R$ 10,5 milhões dos governos federal e estadual para ajudar no custeio do hospital. Agora, a prefeitura tenta negociar o recebimento de mais verbas para poder manter a estrutura em funcionamento. Para isso, o prefeito foi a Brasília nesta semana para solicitar aos deputados federais o envio de dinheiro por meio de emendas parlamentares.

Volpi também se reuniu com o secretário estadual de Desenvolvimento Regional, Marco Vinholi, para tentar viabilizar o recurso. O município diz, porém, que não foi dado prazo para que seja dada uma resposta.

Rocha alerta que o hospital de campanha é a única estrutura pública da cidade que tem capacidade para atender aos pacientes com Covid-19 e que, além disso, o equipamento ainda recebe pessoas de municípios vizinhos.

Em ofício apresentado ao governo do estado, gestão João Doria (PSDB), a prefeitura informa que o hospital de campanha já efetuou 710 internações desde abril do ano passado, sendo que 75% dos pacientes tiveram alta, 14% precisaram ser transferidos para outros locais e 11% morreram.

Segundo o mesmo ofício, um a cada quatro pacientes do hospital vem de outros municípios, principalmente Mauá, Suzano e Rio Grande da Serra, que fazem divisa com Ribeirão Pires.

"Nessa inércia, vidas estão sendo colocadas em jogo. Preciso dessa sensibilidade do governo do estado para que tenha como máxima que salvar vidas não tem preço", diz o secretário de Saúde da cidade.

Respostas

Por meio de nota, a Secretaria Estadual da Saúde, gestão João Doria (PSDB), diz que "não há nenhum convênio ou contrato vigente entre o governo do estado e o município de Ribeirão Pires" para o hospital de campanha e que a cidade "está impactada – assim como outros locais – com a ausência do governo federal no custeio de 89% dos leitos de UTI do SUS em São Paulo".

A pasta diz ter repassado R$ 2,5 milhões e enviado 11 respiradores ao município desde o ano passado. " O estado trabalha em conjunto com os municípios e acolhe as demandas, analisando-as à luz de critérios técnicos e do cenário epidemiológico. Vale lembrar que, no decorrer da pandemia, estado e municípios seguem atuando juntos para expandir a rede", acrescenta a secretaria.

O Ministério da Saúde diz que a prefeitura solicitou a habilitação do custeio de 17 leitos de Suporte Ventilatório Pulmonar para o hospital de campanha. "A proposta foi analisada e aprovada, porém a pasta aguarda disponibilidade orçamentária." Não foi dado prazo para liberação da verba.

A Secretaria de Desenvolvimento Regional foi procurada, mas não se manifestou até a publicação desta reportagem.

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