"Amor, Sublime Amor" completa 60 anos e ganha nova versão

Steven Spielberg dirige remake do clássico, com estreia prevista para o fim do ano

Cena de "Amor, Sublime Amor", de 1961
Cena do encontro das gangues rivais em "Amor, Sublime Amor", de 1961 - Divulgação
São Paulo

Apontado por muitos como um dos melhores musicais da história do cinema, o clássico “Amor, Sublime Amor” completa seis décadas de lançamento em 2021, mesmo ano em que será lançada uma nova versão da história de Romeu e Julieta nas ruas de Nova York, dirigida por Steven Spielberg.

Além de celebrada pelos fãs dos musicais até hoje, a versão original foi superpremiada. Recebeu dez Oscar, incluindo melhor filme, melhores ator e atriz coadjuvantes, melhor roteiro adaptado e melhor música. Os diretores do longa, Robert Wise, o mesmo de “A Noviça Rebelde”, e Jerome Robbins também levaram a estatueta. O filme recebeu ainda o Grammy de melhor álbum de trilha sonora em 1962.

Com sequências inesquecíveis, o longa é uma das mais populares adaptações do clássico de Shakespeare. Saem as famílias rivais na Verona medieval e entram as gangues Jets, de brancos, e Sharks, de porto-riquenhos, disputando espaço em um bairro de Nova York. Maria, irmã de Bernardo, líder dos latinos, e Tony, ex-integrante do outro grupo, vivem um amor proibido.

Um dos panos de fundo é a discriminação sofrida pelos imigrantes latinos na América. Eles almejam o sonho americano, mas não podem vivê-lo em sua plenitude por causa de sua origem.

O tema continua atual, mas aos olhos dos novos tempos, que busca representação diversa no cinema, o longa falha, pois tem pouco atores porto-riquenhos. Um deles é Rita Moreno, a Anita . Para “latinizar” o elenco, a produção usou maquiagem nos atores brancos, mudando o tom da pele deles.

E aqui chegamos à pergunta: o que leva um diretor consagrado como Spielberg a se aventurar a refilmar um clássico? Em entrevista à Vanity Fair, o diretor cita a representatividade como um dos fatores que o levaram ao “Amor, Sublime Amor” de 2021.

Cena de "Amor, Sublime Amor", versão de 2021
Cena do baile em "Amor, Sublime Amor", na versão de 2021, dirigida por Spielberg - Divulgação

Segundo ele, 20 dos 33 personagens porto-riquenhos são de fato porto-riquenhos ou seus descendentes. “Eles trouxeram autenticidade”, disse o cineasta à Vanity Fair. “Eles trouxeram a si mesmos e tudo em que acreditam e tudo sobre eles”, disse.

O diretor também falou da atualidade da trama. “Queria contar a experiência porto-riquenha de migração para este país (EUA) e a luta para ganhar a vida, ter filhos, e a batalha contra os obstáculos da xenofobia e do preconceito racial”, afirmou.O filme também representa uma volta à infância para Spielberg.

Na entrevista, ele contou que a trilha sonora do musical da Broadway “Amor, Sublime Amor”, de 1957, que inspirou o filme, foi a primeira obra de música popular permitida na casa de seus pais. “Cresci cercado de música clássica. Me apaixonei completamente [pelo álbum de “Amor”] quando criança”, afirmou.

A estreia da versão de Spielberg está marcada para dezembro, depois de ter sido adiada em 2020 em razão da pandemia. Enquanto isso, os fãs podem comparar os dois longas pelo trailer do “Amor” de 2021, disponível no YouTube.

ONDE VER O CLÁSSICO DE 1961
Telecine: grátis para assinantes
Apple TV: R$ 11,90 (aluguel) e R$ 24,90 (compra)
Google Play: R$ 11,90 (aluguel) e R$ 39,90 (compra)
Americanas.com.br: DVD por R$ 99,81

A atriz Rita Moreno nas duas versões de "Amor, Sublime Amor": de 2021 (à esq.) e de 1961 (à dir.) - Fotos Divulgação

​Rita Moreno volta à história que lhe deu um Oscar

Rita Moreno, 89 anos, vencedora do Oscar de melhor atriz coadjuvante por “Amor, Sublime Amor”, volta à trama 60 anos depois. Na versão de 2021, ela é Valentina, viúva de Doc, personagem importante na história de Anita, a quem interpretou no filme original de 1961.

Também produtora executiva do longa, Rita afirma que Spielberg e o roteirista Tony Kusher buscaram resolver erros do primeiro longa, entre eles a falta de diversidade. “Isso é o que eles estavam tentando melhorar, e fizeram um trabalho incrível”, disse à Vanity Fair.

A começar pela escalação da atriz que vive Maria, interpretada por uma Natalie Wood com maquiagem no primeiro filme. A escolhida entre cerca de 30 mil candidatas foi Rachel Zegler, 20 anos, filha de uma colombiana e um norte-americano.

Já a atriz afro-latina Ariana DeBose, 30 anos, filha de pai porto-riquenho, será a nova Anita. O personagem Bernardo, que deu a George Chakiris o Oscar de melhor ator coadjuvante em 1962, será interpretado pelo ator David Alvarez, canadense filho de cubanos.

Cinco curiosidades sobre o clássico de 1961

  1. O filme foi baseado na peça “West Side Story”, que estreou na Broadway em 1957. O espetáculo ficou mais de dois anos em cartaz, e teve cerca de 700 apresentações
  2. Todos ​os atores foram dublados. Natalie Wood sabia cantar, mas não atingia as notas mais altas exigidas nas canções de Mari
  3. Os atores que interpretavam gangues rivais foram incentivados pela produção a pregar peças uns nos outros, para manter a tensão no set de filmagem
  4. Russ Tamblyn, que interpretava Riff, disse que estava descontente com sua atuação até que, na première do filme, Fred Astaire disse a ele que havia gostado muito de sua performance
  5. Os jeans usados pelos integrantes das gangues foram feitos com fios elásticos para permitir os movimentos durante os números de dança
Hanuska Bertoia
Hanuska Bertoia

49 anos, é formada e pós-graduada em jornalismo. Gosta de ver filmes em qualquer plataforma (TV, celular, tablet), mas não dispensa uma sala de cinema tradicional.

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