As ruas do Brás, na região central de São Paulo, amanheceram cheias de compradores e comerciantes na manhã desta segunda-feira (3). Este foi o primeiro dia útil das novas regras da fase de transição do Plano São Paulo, que libera o funcionamento do comércio entre as 6h e as 20h.
Apesar do horário ampliado, o comércio continua com restrições como o limite de ocupação de até 25% e o respeito a protocolos sanitários —uso de máscara, álcool em gel e distanciamento social.
O fluxo de pessoas, muitas delas sem máscara, se concentrava nas ruas Rodrigues dos Santos, Tiers, Oriente e Barão de Ladário e na avenida Vautier, onde fica a maior parte dos vendedores ambulantes. Já dentro das lojas, o movimento era pequeno.
"Tem muita gente andando sem comprar. Sábado [1º, início do novo horário] ainda foi fraco, mas vamos esperar que melhore", afirma a vendedora Joelma Santos, 44. Ela trabalha em uma loja de sapatos que abre das 6h às 16h —nas regras anteriores da fase de transição, o local abria às 11h e tinha apenas cinco horas de expediente.
A expectativa dos lojistas é que o novo horário faça o movimento retornar às lojas. "Do jeito anterior estava horrível: não vendia e prejudicava muito o lojista, porque a partir das 11h já não tem mais nada no Brás. O comércio de rua não funciona como o horário de shopping", afirma Andressa do Nascimento, 35, gerente de uma loja de roupas.
Segundo Lauro Pimenta, conselheiro executivo da Alobrás (Associação de Lojistas do Brás), a liberação para que o comércio funcione durante todo o dia é bem vista na região, especialmente pela proximidade do Dia das Mães. "Na nossa região, a vocação é de começar o expediente cedo. Os clientes chegam nas excursões às 2h e a loja precisa estar aberta às 6h."
Pimenta fala que a atuação do comércio ambulante, que não tinha regulamentação específica e, por isso, não deixou de atuar, acabava causando uma situação injusta com os lojistas. "Era surreal não poder trabalhar enquanto o comércio ambulante estava a mil."
Outro ponto de comércio popular da capital, a região da rua 25 de Março, no centro, tinha pouco movimento na manhã de segunda. Entre os lojistas, o novo horário traz esperanças de que a situação mude.
"Vendemos bastante para quem vem de outras cidades. As pessoas chegam cedo ao Brás e depois vêm aqui, mas 13h já estão saindo, então abrir mais cedo é muito importante", afirma Marcelo Macena, 36. Ele, que é gerente de uma loja de artigos esportivos, diz que o foco é em tentar compensar o prejuízo de mais de 40% no faturamento.
Para a comerciante Margaret Alves, 56, conseguir fazer as compras cedo é o ideal, por isso o novo horário agradou. Da 25 de Março, ela voltaria para São Vicente, onde vende os produtos, ainda com tempo de cumprir o expediente do dia. "Nas outras semanas, como era menos tempo, tinha muita fila e muito tumulto. Hoje está bem mais tranquilo."
De acordo com Jorge Dib, diretor da Univinco (União dos Lojistas da 25 de Março e Adjacências), aos poucos o movimento pré-fechamento tem sido retomado, mas ainda não é possível dizer quando o faturamento estará como antes da pandemia. Na incerteza, diz, a saída é investir em inovação para que, independente da reabertura, as lojas continuem faturando com vendas online.
Fiscalização
Procurada, a prefeitura de São Paulo afirma que é "fundamental" que o distanciamento social seja respeitado, mas não respondeu sobre como é a fiscalização da aglomeração em ruas de comércio popular da cidade. Durante a manhã desta segunda, a reportagem do Agora não viu ações do tipo no Brás ou na região da 25 de Março.
Segundo nota enviada, a população tem sido orientada sobre a importância e a necessidade do uso correto de máscaras de proteção e comércios têm recebido cartazes com orientações sobre a Covid-19. As ações são realizadas por 28 Uvis (Unidades de Vigilância em Saúde).
Até o dia 28 de abril, 15.628 estabelecimentos foram orientados sobre a utilização de máscaras, 12.106 materiais gráficos educativos foram distribuídos e 1.771 máscaras foram distribuídas nas ações nos grandes centros comerciais.
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