A Secretaria Estadual de Infraestrutura e Meio Ambiente cortou, na última sexta-feira (6), 23 árvores no Parque da Juventude, no Carandiru, zona norte de São Paulo. De acordo com a pasta, a remoção emergencial foi realizada pois os exemplares de guapuruvu estavam secos e com cupins, apresentando risco de queda e à segurança dos frequentadores.
Parte das árvores cortadas ficava em uma das entradas do parque, na avenida Zaki Narchi, e o restante distribuído na área interna do espaço. Segundo o governo do estado, a ação foi realizada após a emissão de um laudo técnico em 22 de julho, que atestou a condição das árvores.
"Não precisa ser nenhum especialista para ver que as árvores estavam precárias. Eles esperam a queda acontecer, em vez de fazer uma manutenção preventiva", argumenta Rubens Lopes, 42, morador da região e presidente do Conseg (Conselho Comunitário de Segurança) Vila Guilherme-Jardim São Paulo.
Segundo Lopes, o problema não se restringe ao Parque da Juventude e mais árvores deveriam ser averiguadas próximas à região do Carandiru. "Ali na rua Maria Cândida, as árvores estão curvadas, é lastimável. Você vê as árvores pedindo socorro, literalmente", diz.
A secretaria da gestão João Doria (PSDB) afirma que as árvores retiradas do parque serão replantadas. "A coordenadoria está realizando o tratamento do solo para o plantio de novas mudas de espécies nativas que ocorrerá nas próximas semanas", informa a pasta em nota.
O morador da avenida Zaki Narchi, Deja Moura, 27, dá aulas de artes marciais no parque e, aos fins de semana, frequenta o local com a família. "As árvores são essenciais, porque o pessoal escolhe ir ao parque por ser ao ar livre e ter essas árvores com sombra", relata..
Boa manutenção pode prevenir corte de árvores, diz bióloga
A bióloga e e especialista em direito ambiental Cristiana Nepomuceno explica que as árvores realmente precisam ser cortadas quando ficam secas a ponto de haver risco de queda. Porém, a manutenção preventiva pode evitar essa necessidade de derrubada.
"É preciso fazer a preventiva da árvore, ver se tem alguma praga, algum inseto, usar remédios apropriados e não deixar ela chegar ao estágio de ser cortada", defende.
Para a bióloga, a derrubada traz prejuízos econômicos e ambientais. "Ao replantar outra árvore, muitas vezes ela não vai ser do tamanho da que foi cortada, ela vai ser uma muda. Isso afeta a questão de sombra e frescor do parque. Além disso, as árvores grandes podem conter ninhos de pássaros, que ficam desnorteados sem ela", diz.
Desde 2003, o Parque da Juventude ocupa a área do antigo Complexo Penitenciário Carandiru. O espaço conta com áreas verdes, instalações para práticas de esporte, áreas de lazer e entretenimento, espaço canino e espaço aberto para shows e eventos. Também abriga a Biblioteca de São Paulo e mantém referenciais históricos da época do Carandiru.
Resposta
Procurada sobre as reclamações do morador sobre árvores na região do Carandiru, a Prefeitura de São Paulo, por meio da Subprefeitura Vila Maria/Guilherme, diz que a rua Maria Cândida é arborizada, em grande parte de sua extensão, por Tipuanas, no qual o desenvolvimento da copa é intenso e normal da espécie, característica presente na árvore localizada na altura do número 700.
Não há solicitações para a remoção de exemplares em estado fitossanitário ruim (morto) no local.
Em 2020, foram podadas 5.011 árvores e 197 removidas na região. Já em 2021, entre janeiro e julho, 3.406 árvores foram podadas e 30 removidas.
Em toda cidade, em 2020, 174.358 árvores foram podadas e outras 13.761 removidas. Em 2021, de janeiro a julho, 94.818 árvores foram podadas e 6.436 removidas.
Quando há necessidade de remoção de exemplar arbóreo, a Subprefeitura planta uma nova muda de espécie nativa para que seja feita a compensação, com porte determinado pelo laudo técnico.
Nos últimos anos a Secretaria Municipal das Subprefeituras tem investido na ampliação de equipes de poda de árvores, o que resultou na redução do tempo médio de atendimento das solicitações pela Central 156. O prazo para poda de árvore caiu 85%, atingindo 75 dias. No início de 2017, demorava, em média, 507 dias para atender os pedidos dos munícipes.
A nova lei municipal nº 17267/2020 sobre podas de árvores flexibilizou as autorizações dos serviços em áreas particulares. Antes qualquer manejo necessitava de autorização da prefeitura. Agora, com a nova lei, o munícipe precisa apenas comunicar a Prefeitura com 10 dias de antecedência da poda, com o laudo com ART de engenheiro agrônomo, biólogo ou engenheiro florestal através da central 156. O manejo de remoção emergencial também não necessita de autorização da Subprefeitura. O proprietário realiza a remoção e apresenta o laudo técnico 1 dia após a execução, justificando a emergência. Essas mudanças geraram agilidade no atendimento para esses serviços.
Os munícipes podem fazer a solicitação para manejo em árvores nos canais de atendimento 156 e sitesp156.prefeitura.sp.gov.br/portal.
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