SP terá de criar 65 vagas em creches ao dia para bater meta

Gestões Doria e Covas prometeram 85,5 mil novas matrículas até fim de 2020

São Paulo

A gestão Bruno Covas (PSDB) terá de abrir ao menos 65 vagas em creches por dia para cumprir a meta de colocar 85,5 mil crianças nas instituições municipais até o fim de 2020. A promessa foi feita ainda sob a administração de João Doria (PSDB), hoje governador.

A gerente de vendas Priscila Barbosa da Silva, 39 anos, tenta conseguir vaga em creche para a filha Alana Victória, de oito meses, desde fevereiro - Rivaldo Gomes/Folhapress

 Segundo a Secretaria Municipal da Educação, no último trimestre a Prefeitura de São Paulo criou uma média de 42,3 vagas diárias (3.850 em 91 dias). 

Desde o início da gestão, em 2017, foram criadas 49.697 vagas. Faltam 35.803 para alcançar a meta em um prazo de 549 dias (a partir de 1º de julho).

Balanço da secretaria mostra que a fila por vagas nas creches municipais subiu no segundo trimestre deste ano em comparação o primeiro. O número de crianças matriculadas também aumentou.

Em março passado, 34.317 crianças de zero a três anos aguardavam vagas nos CEIs (Centros Educação Infantil) e outras 330.026 estavam matriculadas. No fim de junho, a fila passou para 48.910 crianças, com 333.876 matrículas. 

Em março de 2018, a demanda do município era de 57.819 vagas com 309.854 matriculados. No fim de junho do mesmo ano, a fila passou para 66.714 crianças com 313.598 matrículas.

Espera

Adama Camara, 20 anos, corre conta o tempo. Há três anos, ela saiu da República do Mali, na África, para encontrar o marido, Mody Dabo, 28, que trabalhava como pintor em São Paulo.

Camara trabalha na linha de produção de uma fábrica de travesseiros. O casal, que mora no Jardim Romano (zona leste), há três meses procura vaga para o filho Tourado, de três meses.

“Volto da licença-maternidade na próxima semana e não tenho ninguém para tomar conta do bebê”, diz.
A gerente de vendas Priscila Barbosa da Silva, 39, de Interlagos (zona sul), tem uma filha de oito meses e está desempregada. A busca por uma vaga na creche começou em fevereiro. Ela conta que foi em três unidades. Em uma delas há 253 crianças na frente. 
 

​​​A atendente de shopping Deise Cristina Veríssimo Silvestre, 22, do Jardim João 23 (zona oeste), passa por situação semelhante. Mãe de um bebê de quatro meses, ela retornará da licença-maternidade na próxima semana e terá que desembolsar R$ 250 para a irmã tomar conta da criança até conseguir uma vaga.

'Fila paralela'

Em junho, a Secretaria Municipal de Educação e a Defensoria Pública do estado assinaram um termo de cooperação para tentar reduzir a “fila paralela” que se forma no próprio órgão com pais que buscam ajuda para conseguir vagas nas creches municipais.

O projeto está parado até hoje, porém, porque a secretaria não disponibilizou senhas e capacitou funcionários, segundo a Defensoria.

Nos três primeiros meses deste ano, segundo números mais atualizados, a Defensoria realizou 1.069 atendimentos relativos a pedidos de vagas em creches na capital. No mesmo período de 2018, foram 2.098.

Para tentar diminuir a demanda, a gestão Covas está implementando um novo modelo em creches terceirizadas para atender até 59 crianças. Essas unidades receberão 20% a mais.

 

Resposta

A Secretaria Municipal da Educação, sob gestão Bruno Covas (PSDB), afirma  que as chamadas para creches são realizadas via sistema informatizado, seguindo a data de cadastro e considerando a disponibilidade de vagas de acordo com a faixa etária da criança. 

Os casos citados pela reportagem, diz, deram entrada no sistema em 2019. A secretaria também afirma que as regiões onde as três crianças residem estão com previsão de abertura de creche no segundo semestre. 

Sobre a parceria com a Defensoria Pública, a gestão tucana afirma  que a plataforma está em processo de criação e será finalizada nos próximos meses.

A secretaria diz ainda que está “trabalhando constantemente na abertura de vagas, tanto é que os distritos da zona sul com maior demanda são os que mais ampliaram o atendimento nos últimos anos”. 

A pasta cita, entre outros, que no Campo Limpo foram criadas 14.057 matrículas neste ano, 13% a mais que no ano passado. 

 

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