Sob ameaça de greve, escolas estaduais retomam aulas

Volta do ensino presencial, segundo governo de São Paulo, reúne cerca de 3,3 milhões de alunos

Clayton Freitas
São Paulo

Sob ameaça de greve de professores contra a retomada das atividades presenciais nas escolas por causa do novo coronavírus, o início das aulas na rede estadual de ensino de São Paulo está previsto para esta segunda-feira (8).

Em assembleia virtual na sexta-feira passada (5), professores ligados à Apeopesp (sindicato da categoria) decidiram deflagrar greve. A entidade afirmou que cerca de 5.000 profissionais participaram. Do total, 91,7% votaram pela greve, conforme a Apeopesp.

O governo estadual afirmou que cortará o ponto dos grevistas ausentes.

A ameaça de greve foi feita no último dia 29 em meio a uma guerra jurídica, quando o presidente do Tribunal de Justiça do Estado, desembargador Geraldo Pinheiro Franco, derrubou uma liminar, em ação movida por sindicatos, que proibia o retorno das aulas presenciais em municípios nas fases vermelha e laranja do Plano São Paulo para conter o novo coronavírus —a Grande SP, que avançou para a etapa amarela neste sábado (6), estava na laranja naquele dia.

Independentemente do anúncio da greve, a orientação do governo João Doria (PSDB) aos alunos é que compareçam às aulas.

Em 22 de janeiro, a Secretaria Estadual da Educação suspendeu a obrigatoriedade da presença física dos alunos nos colégios apenas nas fases vermelha e laranja. Segundo deliberação do Conselho Estadual da Educação, nas etapas amarela e verde é obrigatório que ao menos 1/3 das aulas sejam em formato presencial.

As cerca de 5.000 escolas estaduais abriram as suas portas aos alunos desde a segunda-feira passada (1º), para acolhimento (quando são passadas informações de como eles devem se comportar quando as aulas voltarem), e em especial, para oferecer merenda aos 770 mil mais vulneráveis.

Segundo médicos, não há limite ideal de alunos, mas é preciso que se respeite o distanciamento social.

Rodízio

Os 3, 3 milhões de alunos estão autorizados a voltar às salas de aula da rede estadual em forma de rodízio e respeitando o limite de 35% em sala de aula, embora a fase amarela do Plano São Paulo, que passou a vigorar para a Grande SP neste sábado (6), permita a presença de até 70% dos estudantes.

A Secretaria Estadual da Educação disse que o limite de 35% vigorará durante 15 dias. Nesse período, vai avaliar as condições para saber se poderá aumentar as porcentagens de limites diários de alunos.

O governo estadual afirmou ainda que as redes municipais e particulares podem ter decisões diferentes. As aulas na rede privada voltaram na segunda passada (1º).

No caso do município de São Paulo, que tem previsão de começar o ano letivo no próximo dia 15, o limite no início será o mesmo do estado: de 35%.

Consultoria

O governo estadual criou um comitê para acompanhar a volta às aulas, de olho em possíveis casos de Covid-19. O grupo tem caráter consultivo e reúne pediatras, infectologistas e epidemiologistas.

Segundo o governo estadual, eles irão monitorar e orientar as ações de prevenção, vigilância e controle da Covid-19 nas unidades escolares do estado e também das escolas municipais e particulares.

Segundo a Secretaria Estadual da Educação, em casos positivos de infectados pelo novo coronavírus na escola, a orientação é a de afastar todos que tiveram contato com a pessoa testada positivo e submetê-los a teste. Enquanto aguardarem o resultado, os profissionais da educação ficarão em teletrabalho.

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