Em pouco mais de dois anos à frente da Prefeitura de São Paulo, Bruno Covas (PSDB) buscou marcas próprias na condução da principal cidade do país. Uma das mais importantes foi o fim da fila por vaga nas creches.
Em 2018, ao seguir o mandato iniciado pelo também tucano João Doria, Covas deu prioridade a obras começadas na gestão de Fernando Haddad (PT), como oito CEUs (Centros Unificados Educacionais).
Ele não havia completado nem um mês no cargo quando um prédio invadido de 24 andares desabou no largo do Paissandu, no centro da capital paulista, deixando sete mortos. Covas foi ao local poucas horas depois e prometeu atendimento às famílias atendidas. Mas em razão de um impasse com a prefeitura, parte dos desabrigados viveu por meses em barracas no largo.
Com o passar dos meses, Covas buscou imprimir suas marcas na gestão. Em 17 de dezembro, Covas anunciou que nenhuma criança de 0 a 3 anos aguardava por vaga nas creches. "É uma conquista da cidade de São Paulo, não apenas dessa administração", falou. A prefeitura admitiu, no entanto, que parte das matrículas foi feita em unidades ainda em obras na ocasião.
Ainda na região central da capital, Covas deu passos na criação do Parque Minhocão, que transformará o elevado em área de lazer.
Durante a pandemia, a suspensão das aulas da rede municipal para reduzir o risco de contaminação pelo coronavírus entre alunos e profissionais foi uma das medidas significativas da gestão Covas no último ano. O prefeito também concedeu auxílio emergencial de três parcelas de R$ 100 a beneficiários do Bolsa Família e camelôs. Outras decisões na pandemia causaram polêmica e precisaram ser revistas, como o bloqueio parcial de vias e o rodízio de carros de 24 horas.
Na avaliação das metas da prefeitura, parte foi cumprida. Das 71 definidas para 2019 e 2020 pela sua gestão, cumpriu 29, ou 41% do total, deixando 30 de lado. Doze metas não puderam ser avaliadas pois a gestão não forneceu dados e estes não eram públicos.
No final do ano passado, Covas tomou duas medidas polêmicas. Sancionou o aumento de seu salário em 46% e retirou a gratuidade do transporte das pessoas de 60 a 64 anos. Justificou o reajuste dizendo que o teto do funcionalismo estava defasado e o corte no benefício dos idosos, em conjunto com o governo estadual, como uma "revisão gradual das políticas voltadas a esta população".
Em entrevista ao Agora antes do segundo turno da eleição, em novembro, Covas disse que a marca de sua gestão, se reeleito, seria o investimento social. "As grandes ações, as grandes obras precisam ser para a redução da desigualdade social", afirmou. (com a Folha)
Política não é terreno para intolerantes, disse, na posse
Ao tomar posse em 1º de janeiro deste ano, o prefeito Bruno Covas (PSDB) resumiu o seu campo de atuação afirmando que "política não é terreno para intolerantes nem para lacradores de redes sociais". O então prefeito reeleito mostrava novamente que pretendia compor o caminho do meio em um terreno marcado pela polaridade.
Também no discurso de posse, Covas disse que "o vírus do ódio e da intolerância precisa ser varrido da sociedade", afirmando ainda que "um governo que se pretende transformador tem que dar espaço à diversidade".
Mais uma vez tentava se mostrar como um contraponto ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido), como já havia feito no primeiro ano da pandemia, ao defender as evidências científicas contra a Covid-19.
"Política é a arte do fazer junto, de construir pontes para o futuro, de superar a divergência cega dos que acreditam que a solução virá dos extremos. Está provado que não e as urnas deram um recado de moderação muito claro", disse.
Covas também afirmou que "emprego, emprego, emprego" seria o "mantra" da gestão municipal, dando oportunidades aos jovens da periferia paulistana.
Prefeito teve divergências com Doria na pandemia
Covas se envolveu em divergências com Doria, seu ex-parceiro de chapa em 2016. O megaferiado de março, por exemplo, contrariou Doria.
Faltou aí um pouco de bom senso da prefeitura em fazer esse compartilhamento prévio para evitar exatamente o mal-estar que acabou provocando", disse.
"O senso que falta é o senso de urgência. Aqui na prefeitura tem menos falação, foco no trabalho e colaboração. Faço o máximo que posso para defender o povo da minha cidade", respondeu Covas.
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