Candidato à reeleição pelo PSDB, afirma que, em um eventual novo mandato, vai expandir o SUS na cidade, dando continuidade a ações iniciadas na pandemia, e investir na área social. Confira os principais trechos da entrevista de Covas ao Agora, na última terça-feira (24).
Agora - A eleição está pautando as medidas recentes contra a pandemia?
Bruno Covas - A eleição nunca pautou qualquer ação em relação à pandemia. O mais fácil seria, desde o início de março, há meses da eleição, deixar esse tema de lado, para o governos do estado e federal. Sempre soube que era um tema em que precisaria tomar decisões difíceis. Podem reclamar dessa ou daquela atitude, mas em nenhum momento podem me chamar de omisso. Não vai ser agora, às vésperas da eleição, que vamos ter um entendimento diferente. Tanto é verdade que no dia 19, dez dias antes da eleição, tivemos uma coletiva para tratar desse tema, em especial a evolução da pandemia na cidade. Mostramos que temos uma estagnação em relação à quantidade de novos casos. Paramos o processo de flexibilização, mas não havia nenhum indicador que apontasse no sentido contrário.
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Durante a pandemia, houve problemas na alimentação das crianças com aulas suspensas. Pais reclamaram também da dificuldade dos filhos em acompanhar aulas pela internet. O que fará, se reeleito?
Como pai, entendo a aflição neste momento em que as escolas continuam fechadas. Também gostaria que meu filho voltasse a frequentar aula normal, mas, além de pai, sou responsável pela saúde de 12 milhões de pessoas. Vou continuar a seguir a recomendação e só retomar as aulas no momento em que a Vigilância julgar apropriado. Vamos continuar com o cartão-merenda no ano que vem. Mesmo retomando as aulas, a expectativa é de continuar com ensino pela internet. Estamos comprando 465 mil tablets com acesso à internet. Teremos estratégias para realidades diferentes no momento da retomada. O turno dentro de casa será na série que o aluno vai estar no ano que vem. E o contraturno em grupos específicos, a partir do resultado de uma prova, para poder acompanhar.
A prefeitura deixou de fazer 2,7 milhões de procedimentos médicos na fase crítica da pandemia. Como normalizar? Sobre os hospitais de Parelheiros e Brasilândia, quando terão plena capacidade?
Você não começa a operar um hospital com 100% da noite para o dia. Vai passando de andar por andar. A gente encontrou dois grandes esqueletos, obras paradas pela metade, conseguimos terminá-las. A expectativa é que no prazo de um ano e meio, eles cheguem a 100%. Nossa expectativa é que todos os oito novos hospitais que passaram a funcionar neste ano possam estar a 100% nos próximos quatro anos. Neste ano, mesmo com a suspensão dos exames, consultas e cirurgias eletivas, para cumprir uma orientação da OMS, o prazo médio de exame caiu de 82 para 35 dias. Tivemos nos anos de 2017, 2018 e 2019, 5 milhões de consultas a mais que na gestão anterior. Tudo com ações que implementamos, melhor gestão da fila, prontuário eletrônico e telemedicina. Mesmo neste ano estamos deixando uma situação melhor do que encontramos. Agora é continuar e retomar o trabalho que realizamos em 2017, 2018 e 2019.
O que pretende fazer, caso reeleito, para levar médicos até a periferia?
Vamos continuar na linha de contratar mais gente na saúde. Foram 10 mil profissionais, 260 equipes de saúde da família que atendem prioritariamente a população de periferia. As melhores relações entre médico e população, quantidade por habitante, estão nas regiões periféricas. Não é nenhuma ilusão que estamos vendendo, são números reais. A telemedicina vai ajudar muito na redução do tempo para consulta com um especialista, que é a maior dificuldade nas regiões periféricas. Ou seja, é com inteligência, com recurso, que a gente vai vencendo esses desafios e ampliando o SUS na cidade.
Como está a reestruturação do transporte? A população já percebe alguma mudança?
Infelizmente, por causa da pandemia, não avançamos mais na implementação dos novos contratos. Conseguimos renovar mais de 40% da frota. Até o fim do ano, vamos ter metade com wi-fi gratuito, mas vai ser nos próximos anos que teremos a renovação de 100%. São 120 mil novos assentos nessa renovação, para dar mais conforto, e a reorganização das linhas, para reduzir o tempo de casa até o trabalho.
Há previsão de novos corredores de ônibus?
A nossa expectativa era ter entregue mais 90 km de corredores. Isso não foi possível por duas razões. A primeira delas porque, quando assumimos, verificou-se que grande parte dos corredores estava em situação precária e precisava ser requalificada. Requalificamos mais de 110 km. Conseguimos entregar em torno de 15 km de corredores e faixas exclusivas apenas. A perspectiva para os próximos quatro anos é, de novo, contar com esses 90 km de corredores a mais.
Os moradores reclamam da zeladoria, seja sujeira no centro ou buracos na pavimentação. O que mudará?
Foi preciso organizar a prestação de serviço, que estava totalmente no papel. O prazo médio para se atender a uma solicitação de tapa-buraco era de 120 dias. Hoje, é de menos de 20 dias. E, em 27 das 32 subprefeituras, conseguimos atender a uma solicitação em 48 horas. É continuar avançando para reduzir esses prazos. Estamos discutindo uma nova forma de contratação desse serviço. Contratamos, ainda hoje, por buraco tapado. Praticamente, estimulando as empresas contratadas para que exista buraco. Queremos contratar por via mantida. Quanto menos reclamação e mais bem cuidada a via, mais pagamos.
Vimos o assassinato brutal do Beto Freitas, no Carrefour, em Porto Alegre. O que a prefeitura pode fazer na luta contra o racismo?
Em primeiro lugar, gostaria de me somar às vozes que dizem que o racismo existe. A cidade reconheceu a existência do racismo estrutural em decreto que estabelece linhas de combate. Recentemente, nomeamos os 12 novos CEUs com personalidades negras da nossa história. Temos a primeira mulher negra comandando a GCM. Eu me comprometi a estudar uma proposta do deputado Orlando Silva [PC do B], para que possamos cassar o alvará de funcionamento de estabelecimentos que cometam racismo. Esse é um tema que também estou aprendendo. Tenho certeza de que temos muito a contribuir e a avançar.
Como pretende abrir novas vagas de creche?
Tínhamos 65 mil crianças aguardando vagas em creche. Hoje, são 6.670. A partir do momento em que se tem essa redução, é preciso estabelecer mecanismos diferentes para vencer essa fila. Hoje, não há distritos com 1.000, 2.000 crianças, precisando de vaga em creche, que justificariam construir grandes espaços. A estratégia é diferenciada. Começamos a disponibilizar o transporte escolar gratuito para crianças de 0 a 3 anos, que permite que possamos ofertar vaga a até 5 km de distância. Temos algumas vagas ociosas, mas não podemos contratar por causa da distância. Segundo, a compra de vagas em creches privadas. Batemos um recorde de 85 mil vagas em quatro anos. Não tenho dúvida de que zeramos a fila no primeiro ano da próxima gestão.
Se for reeleito, qual será a sua marca na prefeitura?
A marca será o investimento no social. As grandes ações, as grandes obras precisam ser para a redução da desigualdade social.
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