Um bicho de pelúcia, que viralizou nas redes sociais, movimentou o comércio. O polvo do humor, também conhecido como polvo reversível, é uma pelúcia de duas faces: de um lado, tem uma carinha feliz e, no avesso, uma expressão triste ou brava. Em São Paulo, o polvo virou produto de vendedores ambulantes e conquistou um espaço na casa de crianças, jovens e adultos.
No TikTok, plataforma de vídeos, é possível encontrar conteúdos variados com o bichinho de pelúcia. Ele virou um presente comum entre casais, que utilizam o polvo para demonstrar como estão se sentindo e tentar evitar conflitos —ou até antecipar discussões, sinalizando um incômodo ao colocar a pelúcia no lado "bravo".
A estudante Débora Aulicino, de 20 anos, é uma das adeptas ao uso do polvo para demonstrar emoções. "Principalmente quando estou triste ou chateada, uso para chantagear meu namorado", conta.
Ela encontrou o polvo graças a um vídeo do TikTok e comprou sete pelúcias em uma loja online. Ficou com uma e, com as outras, presenteou sua mãe, duas amigas, seu namorado, sua irmã e seu cunhado.
"Ele é super útil. Minha mãe usa direto, aí, às vezes, eu vejo o polvo bravo porque minha cachorrinha fez cocô no tapete da sala", diz Débora.
A psicóloga Marianna Brito, 31, não comprou o polvo de pelúcia por causa do TikTok, mas também tem um em casa. Seu marido encontrou a pelúcia em uma loja online, enquanto procurava brinquedos para a filha do casal, Cecília, de 8 meses.
"Ela brinca, aperta, a gente vira ele de um lado para o outro e ela dá risada", conta a psicóloga.
Ela complementa dizendo que, se eu não tivesse comprado para a filha, o polvo poderia até ser utilizado em seu consultório. "Acho que é um bom instrumento, uma ferramenta para crianças sinalizarem como elas estão se sentindo, se elas gostaram ou não gostaram. Dá para fazer umas atividades mais terapêuticas com ele", esclarece.
Versão educativa é usada com crianças
Além de fazer sucesso na internet, o polvo de pelúcia alcançou um viés educativo e terapêutico ao ser utilizado com crianças. Psicólogos e professores aproveitaram a febre do brinquedo para utilizá-lo como ferramenta de comunicação e expressão infantil.
Foi nesse sentido que a a autônoma Isabela Teixeira, 20, e sua sogra, Fatima Leite, 54, enxergaram uma possibilidade de negócio.
Em fevereiro, Isabela postou um vídeo no TikTok divulgando a confecção da pelúcia feita à mão pela sogra, que estava desempregada. Hoje, o vídeo já ultrapassou dois milhões de visualizações e 450 mil curtidas na plataforma. Desde março, os pedidos são feitos através da loja no Instagram e mais de 200 polvinhos já foram vendidos.
Além do modelo comum, Isabela e Fátima criaram um "polvo educacional" com a orientação de uma psicóloga. Ao invés de somente duas expressões, a versão conta com quatro faces: feliz, triste, surpreso e bravo.
"Acredito que, até hoje, não tenha mais ninguém que pensou por esse lado. A gente vendeu bastante para adultos e professores que querem utilizar com crianças especiais", conta Isabela.
A psicopedagoga Deyse Campos concorda que o polvo de pelúcia pode criar situações onde a criança pode se expressar e identificar suas emoções, mas reforça que, mais importante que o brinquedo, é o ato de brincar.
"O brinquedo fica limitado apenas à alegria e à tristeza, quando, na verdade, a gente precisa conhecer outras emoções, outros sentimentos, outros afetos. Mas ele é interessante como porta de entrada, para levantar essa conversa", defende.
Sucesso nas barracas
A febre do polvinho do humor chegou ao comércio do centro de São Paulo. Na rua 25 de Março, a pelúcia está sendo vendida em diversas bancas nas mais variadas cores, tamanhos e preços.
"Alguém no TikTok postou, viralizou e todo mundo começou a pedir. Eu fui atrás e, graças a Deus, está vendendo. É a febre do momento", conta a vendedora ambulante Kátia Santos, 42.
Kátia trabalha há cerca de duas semanas com o polvo e afirma ter uma procura grande vinda das mais diferentes faixas etárias. "Não tem isso de idade. Qualquer idade compra. Vendo tanto para adultos, quanto para crianças", diz.
Na região, a média de preços do polvo de pelúcia é de R$ 30. Kátia vende dois tamanhos diferentes, um pequeno por R$ 20 e um tamanho médio por R$ 30.
O ambulante Deivid Silva, 26, também vende a pelúcia há um mês em uma travessa da rua 25 de Março. "Vende que nem água", relata.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.