Descrição de chapéu tiktok instagram

Febre no TikTok, polvo do humor faz sucesso nas ruas de São Paulo

Brinquedo de pelúcia usado para demonstrar emoções está sendo vendido por ambulantes

São Paulo

Um bicho de pelúcia, que viralizou nas redes sociais, movimentou o comércio. O polvo do humor, também conhecido como polvo reversível, é uma pelúcia de duas faces: de um lado, tem uma carinha feliz e, no avesso, uma expressão triste ou brava. Em São Paulo, o polvo virou produto de vendedores ambulantes e conquistou um espaço na casa de crianças, jovens e adultos.

No TikTok, plataforma de vídeos, é possível encontrar conteúdos variados com o bichinho de pelúcia. Ele virou um presente comum entre casais, que utilizam o polvo para demonstrar como estão se sentindo e tentar evitar conflitos —ou até antecipar discussões, sinalizando um incômodo ao colocar a pelúcia no lado "bravo".

A estudante Débora Aulicino, de 20 anos, é uma das adeptas ao uso do polvo para demonstrar emoções. "Principalmente quando estou triste ou chateada, uso para chantagear meu namorado", conta.

Polvos de pelúcia expostos em barra na região da rua 25 de Março, no centro de São Paulo - Rivaldo Gomes/Folhapress

Ela encontrou o polvo graças a um vídeo do TikTok e comprou sete pelúcias em uma loja online. Ficou com uma e, com as outras, presenteou sua mãe, duas amigas, seu namorado, sua irmã e seu cunhado.

"Ele é super útil. Minha mãe usa direto, aí, às vezes, eu vejo o polvo bravo porque minha cachorrinha fez cocô no tapete da sala", diz Débora.

A psicóloga Marianna Brito, 31, não comprou o polvo de pelúcia por causa do TikTok, mas também tem um em casa. Seu marido encontrou a pelúcia em uma loja online, enquanto procurava brinquedos para a filha do casal, Cecília, de 8 meses.

"Ela brinca, aperta, a gente vira ele de um lado para o outro e ela dá risada", conta a psicóloga.

Ela complementa dizendo que, se eu não tivesse comprado para a filha, o polvo poderia até ser utilizado em seu consultório. "Acho que é um bom instrumento, uma ferramenta para crianças sinalizarem como elas estão se sentindo, se elas gostaram ou não gostaram. Dá para fazer umas atividades mais terapêuticas com ele", esclarece.

Versão educativa é usada com crianças

Além de fazer sucesso na internet, o polvo de pelúcia alcançou um viés educativo e terapêutico ao ser utilizado com crianças. Psicólogos e professores aproveitaram a febre do brinquedo para utilizá-lo como ferramenta de comunicação e expressão infantil.

Foi nesse sentido que a a autônoma Isabela Teixeira, 20, e sua sogra, Fatima Leite, 54, enxergaram uma possibilidade de negócio.

Em fevereiro, Isabela postou um vídeo no TikTok divulgando a confecção da pelúcia feita à mão pela sogra, que estava desempregada. Hoje, o vídeo já ultrapassou dois milhões de visualizações e 450 mil curtidas na plataforma. Desde março, os pedidos são feitos através da loja no Instagram e mais de 200 polvinhos já foram vendidos.

Isabela Teixeira e sua sogra, Fátima Leite, com os polvos de pelúcia que as duas fabricam - Bruno Santos/Folhapress

Além do modelo comum, Isabela e Fátima criaram um "polvo educacional" com a orientação de uma psicóloga. Ao invés de somente duas expressões, a versão conta com quatro faces: feliz, triste, surpreso e bravo.

"Acredito que, até hoje, não tenha mais ninguém que pensou por esse lado. A gente vendeu bastante para adultos e professores que querem utilizar com crianças especiais", conta Isabela.

A psicopedagoga Deyse Campos concorda que o polvo de pelúcia pode criar situações onde a criança pode se expressar e identificar suas emoções, mas reforça que, mais importante que o brinquedo, é o ato de brincar.

"O brinquedo fica limitado apenas à alegria e à tristeza, quando, na verdade, a gente precisa conhecer outras emoções, outros sentimentos, outros afetos. Mas ele é interessante como porta de entrada, para levantar essa conversa", defende.

Sucesso nas barracas

A febre do polvinho do humor chegou ao comércio do centro de São Paulo. Na rua 25 de Março, a pelúcia está sendo vendida em diversas bancas nas mais variadas cores, tamanhos e preços.

"Alguém no TikTok postou, viralizou e todo mundo começou a pedir. Eu fui atrás e, graças a Deus, está vendendo. É a febre do momento", conta a vendedora ambulante Kátia Santos, 42.

Kátia trabalha há cerca de duas semanas com o polvo e afirma ter uma procura grande vinda das mais diferentes faixas etárias. "Não tem isso de idade. Qualquer idade compra. Vendo tanto para adultos, quanto para crianças", diz.

Na região, a média de preços do polvo de pelúcia é de R$ 30. Kátia vende dois tamanhos diferentes, um pequeno por R$ 20 e um tamanho médio por R$ 30.

O ambulante Deivid Silva, 26, também vende a pelúcia há um mês em uma travessa da rua 25 de Março. "Vende que nem água", relata.

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