Escolas estaduais reabrem em São Paulo com falhas de estrutura

Falta ventilação adequada e há mato alto e falta de energia em colégios que retomaram aulas

São Paulo

Escolas estaduais da capital paulista reabriram nesta semana com falhas de infraestrutura. Segundo pais de alunos, há problemas de ventilação, falta de energia, obras em andamento e mato alto. Na última segunda-feira (8), cerca de 4.500 unidades geridas pelo estado (85% do total de 5.300) reiniciaram as atividades para o ano letivo de 2021.

Devido a um furto de fios ocorrido em novembro do ano passado, um bloco inteiro da Escola Estadual doutor Álvaro de Souza Lima, no Sacomã (zona sul), está às escuras. As aulas, segundo pais e alunos, estão ocorrendo em apenas um dos blocos da unidade, que conta com 16 salas de aula.
Os alunos também reclamam do mato alto no entorno e afirmam que o reservatório de água vive vazio.

Fachada da EE José Baptista Rios Castellões, na zona sul da capital paulista; escola teve professora com diagnóstico confirmado de Covid-19 - Rivaldo Gomes/Folhapress

“Não há nenhuma intervenção do poder público”, critica a auxiliar de serviços Fátima Santos, 53 anos, que mora na rua em que fica o prédio da escola.

Na segunda, ela e outros pais de alunos fizeram um protesto exigindo que as aulas só voltassem depois que os reparos necessários fossem efetuados.

Na zona leste, a escola Joaquim Eugênio Lima Neto, no Lageado, o mato alto chama a atenção. Outro problema está nas grades das janelas.

Dos cinco vãos, dois possuem chapas de aço que impedem a ventilação e contrariam uma das principais recomendações da OMS (Organização Mundial de Saúde) para evitar o contágio e propagação do novo coronavírus.

Também na zona leste, a Escola Estadual Ruy de Mello Junqueira, em Cidade Tiradentes, ganhou nova decoração com grafite. As salas de aulas e paredes do prédio receberam retratos de personalidades como o ex-presidente da África do Sul Nelson Mandela, o ator Grande Otelo, o tenista Gustavo Kuerten e o rapper Emicida, além de profissionais de saúde que combatem o novo coronavírus.

O problema é que o trabalho, iniciado em setembro de 2020, ainda não terminou, e as aulas começaram mesmo assim. “Parece que a tinta está incomodando um pouco”, disse uma funcionária da escola.
Dos 1.100 estudantes matriculados, cerca de 385 (35% do total) poderiam ter retornado nos dois dias.

“No máximo tivemos aqui uns 200 alunos entre ontem [segunda-feira] e hoje [terça-feira]”, disse.

Professora testa positivo para Covid após reunião

Uma das professoras da Escola Estadual José Baptista Rios Castellões, localizada na Vila Joaniza, na região de Cidade Ademar (zona sul) testou positivo para Covid-19 dois dias após participar de uma reunião.

Na segunda-feira (8), o secretário estadual de Educação, Rossieli Soares, afirmou que sete escolas do estado apresentaram casos de Covid-19 e não abriram. A José Baptista Rios Castellões não integrava a lista.

Essa professora participou, no dia 29 de janeiro da reunião de planejamento escolar. Com sintomas de Covid-19, ela fez um exame dois dias depois. A docente avisou a escola no dia 2 de fevereiro. Entretanto, todas as unidades estaduais abriram as portas já no dia 1º para início do processo de acolhida dos estudantes e fornecimento de merenda.

“Achei um absurdo a escola não ter cumprido nem menos sete dias de quarentena”, afirma o analista de sistemas Anderson Ferreira, de 35 anos, pai de uma estudante da unidade.

Cláudia Santos Cruz, 38, tem dois filhos estudando na José Baptista Rios Castellões. Ela afirma que chegou a participar de uma reunião de pais no colégio na semana passada. Foi somente lá que ela foi informada do caso de Covid-19 de uma das educadoras. “Eu percebi que nem mesmo os professores queriam que as aulas voltassem. Eu não vou, não vou mandar os meus filhos”, afirmou.

RESPOSTA

Em nota, a Diretoria Regional de Ensino 1, da Secretaria de Estado da Educação, gestão João Doria (PSDB), disse que a escola ficou fechada um dia para desinfecção e todos aqueles que tiveram contato próximo com a professora foram orientados a fazerem o teste.

Questionada sobre o motivo pelo qual as aulas tiveram início mesmo com o caso positivo de Covid-19, a nota afirma que “a escola está seguindo todos os protocolos para um retorno seguro às aulas presenciais”.

A secretaria afirmou que até o fim desta semana deverá realizar a poda do mato no entorno da escola estadual doutor Álvaro de Souza Lima, no Sacomã (zona sul).

Sobre a falta de energia em um dos blocos, a pasta disse, sem especificar datas, que o processo para contratação da empresa para realização do serviço está em andamento por meio da FDE (Fundação para o Desenvolvimento da Educação).

Em relação a escola Ruy de Mello Junqueira, em Cidade Tiradentes (zona leste), a secretaria afirmou que as pinturas devem estar concluídas até o fim desta semana. “Como o retorno é em esquema de rodízio, com número reduzido de alunos, e, imaginou-se que não haveria nenhum transtorno”, disse a pasta.

Já as placas das janelas da escola estadual Joaquim Eugênio Lima Neto, no Lageado, também na zona leste, que impedem de forma parcial a circulação do ar, serão trocadas. O contrato atual com a empresa responsável pela limpeza da escola prevê duas funcionárias para desempenhar a função.

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